Fortaleza se prepara para receber em 2018 o 1º Encontro Global de Bancos Solidários


O relatório anual do banco Credit Suisse (Global Wealth Report 2017) revelou que no Brasil 1% dos brasileiros acumula riqueza equivalente ao patrimônio de 44% da parcela mais pobre, o que desvenda a alta desigualdade socioeconômica no país. Para tentar combater esse desequilíbrio, iniciativas como a dos Bancos Comunitários – também chamados de Bancos Solidários - estão crescendo, ganhando força e permitindo a inclusão econômica e social de milhões de pessoas não só no Brasil, mas no mundo.

Para debater essa ferramenta de inclusão e desenvolvimento e forçar os governos a adotar políticas públicas de investimento para essa atividade, acontecerá no Brasil, de 04 a 06/09 de 2018, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, o I Encontro Global de Bancos Solidários de Desenvolvimento (BSD) - Solidários.

O evento, promovido pelo Banco Palmas e pela Rede Brasileira de Bancos Comunitários, com apoio institucional da Ashoka, CEPAL, Fundação Demócrito Rocha (Grupo O Povo de Comunicação), MIT-Colab e Promujer, é um chamamento ao debate e à busca por novos caminhos para as populações mais esquecidas, compreendendo a importância do papel dos bancos solidários como protagonistas das políticas de redução dos desequilíbrios econômicos e sociais. Veja mais sobre o evento em: http://bancossolidarios.global/


O objetivo do encontro é apresentar a experiência brasileira e conhecer as diversas práticas internacionais neste setor, bem como fornecer um conjunto de propostas para os governos federal, estaduais e municipais de forma a fomentar o surgimento de novas iniciativas e fortalecimento das já existentes. Para isso, a organização do evento está trazendo especialistas em criação de fundos e finanças, além de teóricos.

Estarão em Fortaleza 114 Bancos Comunitários do Brasil e vários Bancos Solidários de outros países, além de especialistas brasileiros e do exterior com know how na elaboração de bancos comunitários, fundos, investimentos de pequeno, médio e grande porte, com o objetivo de oxigenar as experiências que serão apresentadas.

Seis eixos

Durante três dias, seis eixos temáticos (Ver relação abaixo) irão abordar os bancos comunitários como solução estratégica para o combate à desigualdade e pobreza. Nomes como os de Joaquim de Melo Neto (fundador do Instituto Banco Palmas, Fortaleza, Brasil), Ladislau Dowbor (professor da PUC-SP, Brasil), Maria Cavalcanti (presidente e CEO do ProMujer, EUA, Brasil), Morgan Simon (CEO do Transform Finance, EUA), Lílian Prado (coordenadora do Projeto Acreditar/PE e membro do Fellow Ashoka, Brasil) e Genauto Carvalho de França Filho (professor da UFBA, Salvador, Brasil) participarão do encontro como palestrantes.

Ao lado desse time de especialistas, estão confirmadas a participação de representantes da Subsecretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho, do governo do estado do Ceará e de organizações do 3º setor. Um grupo de pesquisadores na área de planejamento urbano do MIT-Colab (Massachusetts Institute of Technology), que trabalha com inovação comunitária, também confirmou presença no evento.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), uma das cinco comissões regionais da ONU para o estudo e a promoção de políticas para o desenvolvimento da região, promoverá um mesa redonda sobre a Desigualdade, pobreza e mercado de trabalho. A mesa discutirá os desafios regionais da desigualdade social e da pobreza à luz das principais tendências dos últimos anos e como avançar para recuperar a trajetória de redução da pobreza e assegurar que a igualdade esteja no centro de um projeto de desenvolvimento sustentável.

O espanhol Asier Ansorena, coordenador do internacional do evento e do PalmasLab, destaca a importância da participação de representantes de entidades do 3º setor como a Ashoka, maior rede de empreendedores sociais do mundo, em 93 países, cujo CEO é Bill Drayton, e da ProMujer, uma maior instituições de micro finanças da América Latina. “Queremos que o evento deixe um legado, terminando com uma proposta para investimento nessas experiências.”

Onde começou

A capital cearense foi escolhida para sediar o primeiro evento por que foi na sua periferia que surgiu a iniciativa pioneira e mais bem sucedida no Brasil de banco comunitário: o Banco Palmas, fundado em 1998, no Conjunto Palmeiras, comunidade carente na região sul de Fortaleza. Hoje, só no Ceará, existem 20 bancos comunitários. “O que nos traz muito orgulho”, afirma Joaquim de Melo que também preside a Rede Brasileira de Bancos Comunitários, criada em 2005.

O case brasileiro de mobilização e organização das economias locais é modelo para iniciativas que já somam 114 bancos comunitários em 90 municípios de 20 estados brasileiros, além de exemplos de iniciativas similares na Índia, Colômbia, Venezuela, Canadá, Estados Unidos, Itália, Espanha, dentre outros. De Bangladesh, o evento traz como referência o exemplo do Grameen Bank [banco de aldeia], fundado por Muhammad Yunus, além de outras iniciativas muito parecidas com a do Banco Palmas.

Joaquim de Melo lembra que a experiência cearense é estudada, atualmente, em centros acadêmicos de vários países. Alguns, segundo ele, estarão enviando representantes para o encontro. No Brasil, vários departamentos em universidades estudam os bancos comunitários, como é o caso da USP, FGV, UFBA e UFC do Cariri. “Algumas inclusive possuem incubadoras de bancos comunitários”, garante.

Bancos comunitários: O que são?

Bancos comunitários são serviços financeiros (crédito, poupança, transferência bancária, dentre outros) que a própria comunidade cria e gerencia, com a lógica de levar o desenvolvimento socioeconômico a partir do incentivo à produção e consumo local. A ideia por traz é a de que municípios, bairros ou localidades só se tornam pobres porque suas populações adquirem produtos e serviços fora de seus territórios.

Os números

Em 2017, em todo o Brasil, os bancos comunitários chegaram a emprestar R$ 20 milhões, atendendo a 100 mil brasileiros com renda per capita igual ou inferior a 2 salários mínimos. No Ministério do Trabalho estão cadastrados 21 mil empreendimentos de economia solidária impactados pelos bancos comunitários.

Palmas Digital

O Banco Palmas também possui uma plataforma digital operando como banco digital, através do aplicativo e-dinheiro. A iniciativa permitiu a inserção de 20 mil usuários, pessoas que estavam fora do mercado financeiro e que agora têm acesso, pelo celular, a operações de débito e outros serviços de internet banking. “Esta plataforma já movimentou, nos últimos dois anos, R$ 40 milhões, entre pagamentos, recebimentos, boletos bancários, transferências, dentre outros”, afirma Joaquim de Melo. Na Rede Brasileira de Bancos Comunitários estão credenciados 1.050 comércios em todo o Brasil que aceitam o sistema digital. “Estamos crescendo 10% ao mês em média”, complementa Melo.

Para Joaquim de Melo a plataforma de banco digital é a solução para os pequenos municípios que não possuem agências ou correspondentes bancários. “Em alguns locais onde não existe cobertura de internet nós viabilizamos o serviço. O PalmasNet (rede comunitária de wi-fi) tem uma cobertura que abrange o perímetro de 3 quilômetros com internet gratuita no Conjunto Palmeiras, em Fortaleza”, destaca.

Eixos Temáticos
  • ECONOMIA SOLIDÁRIA - Apresentação de atividades econômicas – de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito – organizadas sob a forma de autogestão.
  • DEMOCRACIA ECONÔMICA - Explorando questões emergentes em regiões rurais e urbanas, debates sobre o aprofundamento da democracia na sociedade a conexão entre justiça econômica e democracia.
  • BANCOS COMUNITÁRIOS - O case brasileiro de mobilização e organização das economias locais.
  • TECNOLOGIAS PARA CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS - Um sistema financeiro diferente - redes distribuídas e descentralizadas, blockchain, moedas sociais e digitais e outras tecnologias de transformação social.
  • ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO SOCIAL - Como desenvolver ecossistemas de inovação social nas periferias.
  • INVESTIMENTO PARA GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE RIQUEZA NAS PERIFERIAS - Para além do microcrédito, investimento em impacto, fundos solidários etc. 
Durante três dias, seis eixos temáticos irão abordar os bancos comunitários como solução estratégica para o combate à desigualdade e pobreza. Nomes como os de Joaquim de Melo Neto (fundador do Instituto Banco Palmas, Fortaleza, Brasil), Marivaldo Vale (Fundador do Banco Tupinambá), Ladislau Dowbor (professor da PUC-SP, Brasil), Maria Cavalcanti (presidente e CEO do ProMujer, EUA, Brasil), Morgan Simon (CEO do Transform Finance, EUA), Lílian Prado (coordenadora do Projeto Acreditar/PE e membro do Fellow Ashoka, Brasil) e Genauto Carvalho de França Filho (professor da UFBA, Salvador, Brasil) participarão do encontro como palestrantes.

Para participar do encontro, basta se cadastrar no site: 

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#Solidários2018

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