Programas sociais dão mais poder às mulheres de baixa renda


De cada dez pessoas pobres que solicitam crédito para criar microempresas, 7 são mulheres. É a mesma proporção que se observa nas matrículas em cursos profissionalizantes oferecidos a beneficiários do Bolsa Família.

ROLDÃO ARRUDA
08 Outubro 2014 | 15:54
Do total de 1,3 milhão de pessoas de baixa renda que se inscreveram nos cursos de qualificação profissional oferecidos pelo governo a beneficiários do Programa Bolsa Família, 68% são mulheres. Esse número, sozinho, mostra o empenho delas na busca de melhoria da renda familiar e da autonomia financeira. Mas não é só isso. As mulheres também já estão à frente na área das microempresas que surgem entre os grupos mais pobres da população.

De um total de 3,2 milhões de pequenos empréstimos concedidos a essa faixa econômica, dentro do Programa Crescer, que opera com juros muito reduzidos, 73% dos beneficiários são mulheres. É dinheiro que pode ser usado para a compra de uma máquina de costura, um freezer, batedeira, secador de cabelos, entre outras coisas frequentes no mundo dos microempreendedores.
Outro dado relevante aparece no Programa Minha Casa Minha Vida. Na faixa do programa voltada ao setor de famílias de mais baixa renda, 87% dos títulos de propriedade do imóvel foram concedidos a mulheres.
Números semelhantes a esses podem ser encontrados com facilidade em relatórios sobre programas sociais produzidos pelo governo. De maneira geral, os programas têm fortalecido o poder das mulheres de mais baixa renda.
A mudança vem desde os primórdios do Bolsa Família, quando se decidiu que a titularidade do cartão seria concedida preferencialmente às mulheres. Hoje a titularidade de 94% do total dos 13,8 milhões de cartões já fornecidos está nas mãos delas.
Isso ajuda a explicar porque a presença delas é maior em quase todos os outros programas que chegam às famílias situadas na base da pirâmide da renda. Elas são maioria, só para citar mais dois exemplos, no Luz para Todos e no Água para Todos (que distribui cisternas na região do semiárido nordestino).
Ainda não se sabe com clareza qual o alcance dessas políticas em questões de autonomia e redução das desigualdades de gênero. Alguns estudos já feitos mencionam, quase invariavelmente, a expressão “empoderamento”, que parece cada vez mais apreciada entre cientistas sociais.

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